20 novembro 2024

Mudanças Climáticas e Nosso Pequeno Grão de Areia

 Vivemos cercados por uma enxurrada de informações sobre aquecimento global, mudanças climáticas e outros nomes que variam conforme quem traz o tema à tona. A urgência em torno desses tópicos faz com que sejamos convocados, como cidadãos e profissionais, a nos posicionar. Temos responsabilidade, e é sobre isso que gostaria de compartilhar algumas ideias neste espaço.

 

Não pertenço ao grupo dos "ecochatos" de plantão nem sou um seguidor fervoroso de figuras midiáticas como Greta Thunberg, Leonardo DiCaprio ou outros tantos que, quando convém, levantam essa bandeira. No entanto, defendo e milito por cidades mais verdes, permeáveis, arborizadas e, principalmente, mais humanas. Se essa também é sua visão, siga a leitura, pois vamos falar sobre como nossa atuação profissional pode e deve contribuir para construir cidades mais verdes e sustentáveis.



 

Embora estudos mostrem que as cidades estão mais quentes, não precisamos de ciência para sentir na pele a diferença entre caminhar em uma rua arborizada e outra sem árvores. As chamadas "ilhas de calor" são o reflexo de décadas de escolhas que priorizam o asfalto e o concreto: especulação imobiliária, priorização de carros, ocupação de áreas de várzea e margens de córregos, impermeabilização do solo e destruição das áreas verdes remanescentes. Cidades estão se tornando espaços hostis para as pessoas.

 

Ruas arborizadas e sombreadas são mais frescas, com uma diferença de temperatura que pode chegar de 7 a 10 graus em relação às áreas sem árvores. A presença de áreas permeáveis em contraste com o concreto também faz uma diferença enorme. Nós, enquanto profissionais, podemos e devemos fazer parte dessa mudança. Precisamos projetar espaços com mais árvores, arbustos e áreas permeáveis, escolhendo materiais que retenham menos calor, que reflitam mais luz e permitam a melhor infiltração da água de chuva. Mas, a grande pergunta é: estamos fazendo isso? Infelizmente, muitas vezes, não.

 

Em vez de adicionar árvores à paisagem urbana, muitas vezes as suprimimos; quando mantemos a vegetação, priorizamos plantas de ciclo curto e que mal sobrevivem no ambiente urbano, removendo árvores “que sujam a calçada” ou para “não esconder a fachada”. Precisamos perceber que essas escolhas contribuem diretamente para as mudanças climáticas e aumentam o desconforto térmico nas cidades. Ao tratarmos a vegetação apenas como um elemento decorativo, deixamos de lado seu papel vital na sustentabilidade urbana.

 

É essencial compreender que o ambiente urbano é artificial e construído. É importante priorizar, sempre que possível, plantas nativas, mas não podemos simplesmente reproduzir a Mata Atlântica ou outros biomas no ambiente urbano. Precisamos escolher as espécies que mais se adaptam a esse contexto: aquelas que crescem bem, com copa que oferece sombra consistente, que não produzam frutos que possam ser perigosos para pedestres. Parece complicado? Ótimo. Isso demonstra que é preciso investir em estudo, planejamento e especialização para que possamos projetar cidades mais verdes, resilientes e saudáveis.

 

Os gráficos incluídos ilustram o longo caminho que ainda temos pela frente, mas é importante lembrar: cada árvore, cada metro quadrado de área permeável, é nosso pequeno grão de areia na construção de cidades mais humanas e sustentáveis.

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