11 junho 2024

Projetamos para as pessoas




Projetar um jardim é antes que qualquer outra coisa projetar para as pessoas. Criamos espaços para serem vividos, para reaproximar as pessoas da natureza. Este desafio é ainda maior quando o projeto está num ambiente urbano. O verde deve ser o contraponto ao cinza, a suavidade que envolve a dureza, as formas que abraçam e acolhem.

O K Platz é um empreendimento desenvolvido em uma quadra no município de São José, em Santa Catarina, composto por quatro torres que incluem um hotel, edifício corporativo e edifícios residenciais. O projeto de paisagismo desenvolvido em parceria com o escritório Rita e Mantovani é o resultado de um trabalho de cooperação entre os diversos profissionais e o cliente W Koerich Imoveis.  

Criando um Oásis Humano: Projetando Paisagismo Centrado nas Pessoas

Um convite para a reconexão:

O paisagismo, quando bem executado, transcende a mera estética, transformando-se em um convite à reconexão com a natureza e o bem-estar individual. Mais do que a beleza visual, um projeto paisagístico humanizado coloca as necessidades e desejos das pessoas no centro da criação, moldando espaços que acolhem, inspiram e revitalizam.

Entendendo as Pessoas, Priorizando o Bem-Estar:

Para que o projeto tenha sucesso é fundamental compreender as pessoas que utilizarão o espaço. Através de pesquisas, entrevistas e observações, o profissional desvenda as características, hábitos e anseios dos futuros frequentadores, buscando entender:

  • Quem são essas pessoas? Idade, gênero, cultura, necessidades físicas e cognitivas são aspectos relevantes que influenciam a interação com o espaço.
  • Como desejam utilizar o local? Relaxar, socializar, praticar atividades físicas, apreciar a natureza? As respostas guiarão a escolha de elementos e a disposição do mobiliário.
  • Quais são suas expectativas em relação ao ambiente? Tranquilidade, contemplação? Compreender essas expectativas é crucial para criar um espaço que atenda às necessidades emocionais dos usuários.

Elementos que Falam a Linguagem Humana:

Com base na compreensão das pessoas, o paisagista seleciona elementos que se transformam em ferramentas para o bem-estar:

  • Vegetação: A escolha de plantas vai além da estética, considerando aspectos como a altura, textura, cores, aromas e até mesmo propriedades medicinais ou culinárias, criando um ambiente sensorial rico e convidativo.
  • Mobiliário: Bancos, mesas, espreguiçadeiras e outros elementos devem ser ergonômicos, adequados à faixa etária e necessidades dos usuários, promovendo conforto e acessibilidade.
  • Água: A presença de água, seja em fontes, espelhos d'água ou riachos, induz relaxamento, diminui o estresse e cria um ambiente mais fresco e agradável.
  • Iluminação: A luz natural e artificial devem ser cuidadosamente planejadas para criar diferentes atmosferas, atender às necessidades das atividades que serão realizadas no espaço e garantir a segurança durante a noite.
  • Sustentabilidade: A utilização de materiais reciclados, permeáveis e de baixo impacto ambiental contribui para a criação de um espaço ecologicamente consciente e promove a conexão com a natureza de forma harmônica.

Um Espaço em Constante Diálogo:

O paisagismo humanizado é um processo dinâmico que se adapta às necessidades e desejos dos usuários ao longo do tempo. Através da observação do uso do espaço e da comunicação constante com as pessoas, o paisagista precisa realizar ajustes e aprimoramentos contínuos, garantindo que o local continue a atender às demandas de seus frequentadores e se torne um verdadeiro refúgio para o bem-estar humano.

Um Legado de Felicidade e Vitalidade:

Ao colocar as pessoas no centro do projeto, o paisagismo humanizado cria espaços que transcendem a beleza superficial, tornando-se oásis de bem-estar que contribuem para a felicidade, saúde e vitalidade da comunidade. Mais do que um projeto paisagístico, é um investimento na qualidade de vida das pessoas e na construção de um futuro mais verde, conectado e humano.

03 junho 2024

Jardins, estilos e identidades


Vivemos hoje uma pasteurização de estilos, de formas, de cores. Todas as cidades estão ficando mais parecidas, nós mesmos estamos cada vez mais iguais, nos vestimos com as mesmas roupas, usamos as mesmas cores, a moda é cada vez mais anódina, menos interessante, tem menos personalidade e a identidade esta sendo substituída pela “aura mediocritas” de Ovídio. Essa feliz mediocridade em que tudo tem uma cor pastel esmorecido, e os menos ousados assumem o preto como seu uniforme. 

A arquitetura segue por esse caminho a passos agigantados. A maioria dos edifícios parecem gigantescas caixas de geladeira que dificilmente se diferenciam um dos outros, a ousadia, a criatividade, e singularidade parece ter desaparecido sob camadas e camadas desinteressantes onde viceja a mediocridade mais reles. É difícil diferenciar uma construção de outra, até fica difícil saber se estamos no sul, no sudeste ou no nordeste. A pasteurização é tal que nada diferencia uma rua de outra, uma casa da outra, um prédio de outro. Até os materiais, as cores, a estética é a mesma. 

O paisagismo, lamentavelmente segue na mesma linha, a pesar da riqueza e variedade da nossa flora, a pesar de ter acesso a mais de 6.000 espécies de plantas para utilizar nos nossos projetos, os jardins têm cada vez mais a mesma cara, as mesmas texturas, as mesmas cores. Há vários motivos para explicar este fenômeno, nenhum deles bom o suficiente como para que possa servir de justificativa para que o Brasil de Burlemarx tenha se transformado num banal deserto verde, sem criatividade, sem ousadia, rasteiro, mediano, quase medonho.

Além de importar modelos de jardins que não tem cabimento no nosso clima, solo, paisagem e identidade, insistem estes paisagistas formados na faculdade do Pinterest em recriar a Toscana em Belém, a reproduzir o Texas na Serra do Mar ou em plantar no mesmo ambiente Heliconias com ciprestes, num exagero barroco que espantaria ao mais ousado.

Vamos lembrar que o paisagismo é a arte que tem uma relação mais direta com a natureza, com o bioma em que está inserido. Não podemos desvincular a paisagem do seu entorno. A pesar de ter hoje acesso a milhares de espécies, não devemos desrespeitar a relação que existe entre solo, clima, textura, forma, cor e principalmente com a paisagem em que o projeto está inserido. É absurdo plantar oliveiras em São Paulo, seguindo um modismo com pouco futuro, porque nem o clima é o adequado, nem as oliveiras desenvolverão bem num clima tão diferente do mediterrâneo de onde são originarias. Tão absurdo como plantar philodendrons em Estocolmo, ou laranjeiras em Versailles. Porque l´Orangerie real representava o capricho real de ter o que não se poderia ter. Na época centenas de jardineiros colocavam no inverno os vasos de limoeiros e laranjeiras nas estufas para protege-las do frio para coloca-las de novo nos jardins no final da primavera. Hoje como caprichosos monarcas temos a nossa disposição jardineiros / paisagistas dispostos a projetar jardins tão irreais como os de Avatar só para felicidade dos seus clientes. 

Não esqueçamos que o melhor projeto é aquele que se insere no seu entorno e se integra com a vegetação na sua volta, que as plantas adequadas para cada ambiente sofrem menos, são menos susceptíveis a pragas e doenças e se desenvolvem melhor. É isso o que um bom profissional não pode esquecer. Fazer um paisagismo honesto.


17 abril 2024

Visita ao sítio Roberto Burle Marx e a Exposição no MAM

O Sitio Roberto Burle Marx é para nos muito mais que o Sitio de Santo Antônio da Bica, em Barra de Guaratiba- RJ. O sitio é a fonte em que buscamos inspiração, o espaço em que nos nutrimos das lembranças que lá vivemos, das pessoas que lá conhecemos e com as que compartilhamos experiências e conhecimentos.

Roberto Burle Marx fez do Sítio seu refúgio, seu atelier, seu jardim, seu paraíso. Espaço que compartia com generosidade com poucos e escolhidos. Lugar de encontro de amigos, botânicos, artistas, paisagistas, intelectuais, pessoas conhecidas e pessoas simples, com as que compartilhava interesses e curiosidades.

O espaço tombado pela UNESCO em 2021, é hoje patrimônio cultural de humanidade e foi doado por Roberto ao IPHAn, na época Pro Memoria, para garantir sua preservação como centro de pesquisas, laboratório e espaço de estudo e preservação. Com uma coleção que reúne mais de 3.500 espécies de plantas, o sitio é um referente internacional e lugar de peregrinação para quem teve o privilegio de conhecer e conviver com o genial paisagista brasileiro e mundial.

O MAM (Museu de Arte Moderna do Rio, localizado no Aterro do Flamengo, um dos projetos mais icônicos de Roberto Burle Marx, recebeu a exposição "Lugar de Estar" que reúne alguns dos projetos mais emblemáticos do paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, entre outros o projeto do Aterro do Flamengo, o do Parque do Ibirapuera, o do Jardim Zoológico do Rio ou o do Parque da cidade em Brasília.
A exposição mostra também desenhos, obras e principalmente projetos originais. Uma oportunidade para redescobrir a genialidade do paisagista e da sua equipe, principalmente dos seus Associados Josse Tabacow e Haruyoshi Ono, que durante longos anos compartilharam com ele e com seus colaboradores a difícil tarefa de criar um paisagismo com identidade própria, utilizando plantas nativas e valorizando a flora tropical.





05 abril 2024

Jardim vertical

 Projetar um jardim vertical é sempre um desafio. Há muitas empresas que oferecem o serviço e poucas que dominem a técnica e tenham a tecnologia adequada para que as plantas se desenvolvam e o jardim se mantenha impecável ao longo do tempo. É comum encontrar jardins verticais que não sobrevivem ou que apresentam um estado lamentável aos poucos meses de implantados.



Neste projeto do Edifício Alameda America da Construtora H. Marcato em Joinville SC a equipe da Freedom Walls executou o projeto do nosso escritório. A escolha do Platycerium foi o resultado de horas de estudo e de avaliação de diversas outras espécies. O resultado ficou impressionante.





20 dezembro 2023

Cidade das Aguas - Bairro planejado - Joinville SC



 A Cidade das Aguas convidou nosso escritorio a participar do projeto do parque do bairro planejado. 

Em parceria com o escritorio J8 de Florianopolis, a Boavista Paisagismo elaborou o projeto do parque, una area com aproximadamente 10.000 m² metade deles com mata nativa. O parque é o pulmão verde do empreendimento.