Iluminação no jardim
Um tema recorrente é o da iluminação no jardim, os projetos de luminotécnica, a tecnologia disponível, as novas luminárias disponíveis e a redução de custos permitem que hoje iluminemos melhor os jardins, praças e os espaços públicos. Mas ter acesso a mais alternativas não garante sempre um melhor resultado. Por isso escolhemos os principais tipos de iluminação para compartilhar com vocês como tratamos o tema no nosso escritório e na nossa equipe.
Como o tema é mais amplo do que poderia parecer num primeiro momento, o dividimos em três módulos, o primeiro é o referente a iluminação das áreas de circulação e convívio, para as que normalmente são usados postes. A altura do poste determinara a distância entre eles e a quantidade que precisaremos para cada espaço. Numa conta simples, quanto mais altos os postes, será possível ter uma maior distância entre eles e menos postes serão necessários. Mas não esqueça que postes mais altos são mais caros. Assim que antes de calcular quantos postes ou a distância entre eles devemos considerar o efeito que buscamos criar, o uso do espaço a iluminar e o resultado esperado.
Buscamos o equilíbrio entre o menor número de postes e luminárias e o melhor efeito, uma equação que não é fácil de resolver. Quantos mais elementos no jardim, mais poluição visual, preferimos espaços mais limpos, queremos que seja a vegetação quem tenha o maior protagonismo, por isso tentamos evitar especificar postes baixos, postes de menos de 2 metros de altura, só em espaços menores. A máxima que menos é mais serve também quando se trata de iluminação e de postes, luminárias, bancos, floreiras, vasos e lixeiras. Em definitiva todos estes elementos adicionais que acabam tomando o espaço da vegetação.
Nosso objetivo não é aqui recomendar esta ou aquela luminária, mas sim concentrar nossa analise o tipo de iluminação que cada luminária proporciona. Isso facilitará para os profissionais a escolha da melhor luminária para cada espaço e situação.
No caso dos postes altos, aqueles de dois (2) metros de altura até cinco (5) ou seis (6) metros, que são os mais comumente utilizados em paisagismo. Identificamos quatro padrões de iluminação e os classificamos de pior a melhor.
- A luminária que proporciona o pior resultado é aquela que distribui luz e claridade em todas as direções. Luminárias tipo globo e de padrão esférico são péssimas. Boa parte da energia se desperdiça, são geradoras de poluição lumínica, atrapalham as co0nstruções mais verticais ao projetar luz até para cima. Muitas aves evitam pousar nas arvores próximas a este tipo de luminárias, pelo ofuscamento que proporcionam. Justamente este ofuscamento é seu maior problema, não tendo luz dirigida acabam espalhando claridade sem criar nenhum efeito cênico, sem destacar nenhum elemento e ainda tem o menor raio de cobertura. Por isso devem ser evitadas completamente. A luz se distribui por 360 graus.
- O segundo tipo de luminária é aquele que distribui a luz em 270 graus. Em geral tem um topo opaco que evita ou reduz a quantidade de luz desperdiçada e gera uma menor poluição lumínica, mas como o modelo anterior não dirige a luz e boa parte do resultado é que grande quantidade de luz acaba sendo direcionada para a nada. Mesmo sendo uma alternativa melhor que a anterior segue sendo ruim e deve ser evitada, até porque também neste caso há um grau elevado de ofuscamento.
- O terceiro tipo distribui luz num ângulo de 180 graus com relação a solo e o resultado é muito melhor. É uma alternativa muito mais amigável para a avifauna, cria uma sensação de “teto” e permite que se crie uma sensação de luz e sombras interessante. As arvores e palmeiras de porte podem ter suas copas iluminadas por refletores ou “up lights” sem ter a concorrência lumínica dos outros modelos de luminárias. Este modelo permite soluções mais criativas e abre um leque maior de alternativas. Mesmo não sendo a ideal. O ofuscamento não é significativo e há um direcionamento para baixo da luz o que aumenta a segurança de pedestres e permite destacar alguns elementos da vegetação.
- O quarto tipo de luminárias, considerado ideal para utilizar em paisagismo é aquele que projeta um cone de luz, em geral de 90 graus. É o resultado de utilizar defletores que projetam e direcionam a luz para baixo, esta luminária evita o ofuscamento, proporciona um interessante efeito de luzes, sombras e penumbras e permite obter resultados mais interessantes tanto com a vegetação, como nos diversos espaços que compõem os parques e jardins. Há um melhor aproveitamento da luminosidade porque pode ser dirigida nos pontos desejados. É a melhor alternativa para a avifauna, não ofusca e oferece uma iluminação melhor para caminhos e acessos. Adicionalmente este tipo de iluminação permite melhor destaque dos elementos do jardim, porque reduz muito a poluição lumínica e não concorre com outros tipos de iluminação. O profissional consegue assim controlar melhor os jogos de luzes e sombras e alcançar o resultado desejado.
A análise é feita considerando lâmpadas da mesma intensidade, nas mesmas condições e postes da mesma altura e tem como objetivo destacar o efeito lumínico estético que cada tipo de luminária produz e o efeito positivo o negativo que produz sobre o entorno e como cada uma modelo interage com os outros modelos de luminárias complementares num projeto luminotécnico de paisagismo.
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