02 novembro 2011

Sustentabilidade

Entrevista a Revista Rede Imoveis


- O que é um jardim sustentável?

Um jardim sustentável é antes que mais nada um conceito, e um conceito que deve ser entendido integralmente, não há meia sustentabilidade. Passa pelo tipo de jardim, pela escolha das plantas e pela utilização dos materiais. A sustentabilidade deve estar alicerçada em vários pontos, a implantação do jardim é um, mas o mais importante é o desenvolvimento a médio e largo prazo, a manutenção e a reposição necessária.

- Você adota ações de sustentabilidade em seus projetos? Como faz isso?

Não gosto de pensar em ações de sustentabilidade, entendemos a sustentabilidade como um tudo, o projeto deve prever uma sinergia neste sentido. A escolha das melhores espécies de plantas, as mais adequadas para o local e para a região, as soluções que precisem menor manutenção ou troca. O aproveitamento de todas as plantas e dos materiais existentes no local, a valorização da flora nativa. O aproveitamento da água da chuva, a permeabilidade do solo, são elementos que devem ser considerados no projeto.
A melhor forma de fazer isto é tirar partido de cada oportunidade que se apresenta colocar plantas de porte para proteger do sol da tarde, é uma forma de reduzir o consumo de energia para resfriar o ambiente, selecionar gramas que precisem ser cortadas com menor freqüência é uma forma de economizar combustíveis fósseis, energia e mão de obra. Escolher materiais reciclados, recicláveis, ou renováveis é outro dos pontos a considerar. Plantas de ciclo curto precisaram ser trocadas com freqüência, canteiros com plantas perenes são uma alternativa melhor, utilizar plantas de folhas coloridas é uma boa alternativa para dar cor ao jardim.


- Quais as soluções que o paisagismo propõe para aumentar a sustentabilidade? Escolha de vegetação, reuso de material, por exemplo?

A sustentabilidade não é uma moda, ela é hoje uma necessidade, uma exigência do mercado, um projeto de paisagismo mal projetado e mal executado, representará custos elevados e constantes. O uso de forrações para substituir as gramas, quando seja possível é uma boa alternativa, arbustos de flor são alternativas que devem ser melhor aproveitadas. Os maiores pontos de desperdício são a escolha de plantas erradas, o plantio mal executado, o retrabalho e a concepção de projetos que exigem podas constantes. Sabendo o que há que evitar as soluções são bem mais simples.

- Como unir o progresso, o desenvolvimento e o respeito ao verde, ao meio ambiente?

Não há saída fora de unir progresso e respeito pela natureza. Utilizar materiais como substratos originários de fontes renováveis, como a casca de pinus, a fibra de coco, a serragem, o bagaço de cana, ou a casca de arroz são alternativas a o uso da terra. Reduzir os custos ou manté-los baixos e controlados é um grande desafio.  Por outro lado há hoje uma valorização do verde, do que é natural, as pessoas buscam ambientes mais verdes, há uma consciência muito forte neste sentido. Empreendimentos com um bom projeto de paisagismo ou com um bom jardim vendem com maior facilidade. Os clientes prestam atenção e são mais exigentes.

- Na sua experiência, você percebe que as pessoas estão mais conscientes a respeito da importância da sustentabilidade ou é você quem tem que sugerir que ações sustentáveis sejam adotadas?

Há uma mudança de atitude, esta mudança é visível em todos os níveis da cadeia, o cliente pede, o empreendedor sabe que este é um fator importante, ainda hoje há uma preocupação constante por saber o que o cliente quer. Tivemos-nos a oportunidade de participar do projeto do primeiro empreendimento no Brasil que obteve o selo Ouro da Caixa. Este hoje é um diferencial, mas em breve será um pré-requisito. Claro que não todos acordaram para esta mudança, tem quem ainda encara isto como um custo e não como um valor agregado.

- De um modo geral, acha que a arquitetura e a construção estão mais atentas e levando em consideração a questão da sustentabilidade nas obras?

Hoje os bons profissionais se pautam pela sustentabilidade, um bom projeto não pode desconsiderar esta abordagem, é um caminho sem volta. O resultado será melhor qualidade de vida, uma sociedade mais responsável e uma melhor relação com o médio ambiente. Se mantivermos o rumo em poucos anos teremos uma nova geração de consumidores comprometidos e eco-responsaveis.


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