Entrevista a Revista Rede Imoveis
- O que é um jardim sustentável?
Um jardim sustentável
é antes que mais nada um conceito, e um conceito que deve ser entendido
integralmente, não há meia sustentabilidade. Passa pelo tipo de jardim, pela
escolha das plantas e pela utilização dos materiais. A sustentabilidade deve estar
alicerçada em vários pontos, a implantação do jardim é um, mas o mais
importante é o desenvolvimento a médio e largo prazo, a manutenção e a
reposição necessária.
- Você adota ações de sustentabilidade em seus
projetos? Como faz isso?
Não gosto de
pensar em ações de sustentabilidade, entendemos a sustentabilidade como um
tudo, o projeto deve prever uma sinergia neste sentido. A escolha das melhores espécies
de plantas, as mais adequadas para o local e para a região, as soluções que
precisem menor manutenção ou troca. O aproveitamento de todas as plantas e dos
materiais existentes no local, a valorização da flora nativa. O aproveitamento
da água da chuva, a permeabilidade do solo, são elementos que devem ser
considerados no projeto.
A melhor
forma de fazer isto é tirar partido de cada oportunidade que se apresenta
colocar plantas de porte para proteger do sol da tarde, é uma forma de reduzir
o consumo de energia para resfriar o ambiente, selecionar gramas que precisem
ser cortadas com menor freqüência é uma forma de economizar combustíveis fósseis,
energia e mão de obra. Escolher materiais reciclados, recicláveis, ou renováveis
é outro dos pontos a considerar. Plantas de ciclo curto precisaram ser trocadas
com freqüência, canteiros com plantas perenes são uma alternativa melhor,
utilizar plantas de folhas coloridas é uma boa alternativa para dar cor ao
jardim.
- Quais as soluções que o paisagismo propõe para
aumentar a sustentabilidade? Escolha de vegetação, reuso de material, por
exemplo?
A
sustentabilidade não é uma moda, ela é hoje uma necessidade, uma exigência do
mercado, um projeto de paisagismo mal projetado e mal executado, representará
custos elevados e constantes. O uso de forrações para substituir as gramas,
quando seja possível é uma boa alternativa, arbustos de flor são alternativas
que devem ser melhor aproveitadas. Os maiores pontos de desperdício são a
escolha de plantas erradas, o plantio mal executado, o retrabalho e a concepção
de projetos que exigem podas constantes. Sabendo o que há que evitar as
soluções são bem mais simples.
- Como unir o progresso, o desenvolvimento e o
respeito ao verde, ao meio ambiente?
Não há saída
fora de unir progresso e respeito pela natureza. Utilizar materiais como
substratos originários de fontes renováveis, como a casca de pinus, a fibra de
coco, a serragem, o bagaço de cana, ou a casca de arroz são alternativas a o
uso da terra. Reduzir os custos ou manté-los baixos e controlados é um grande
desafio. Por outro lado há hoje uma valorização
do verde, do que é natural, as pessoas buscam ambientes mais verdes, há uma consciência
muito forte neste sentido. Empreendimentos com um bom projeto de paisagismo ou
com um bom jardim vendem com maior facilidade. Os clientes prestam atenção e
são mais exigentes.
- Na sua experiência, você percebe que as
pessoas estão mais conscientes a respeito da importância da sustentabilidade ou
é você quem tem que sugerir que ações sustentáveis sejam adotadas?
Há uma
mudança de atitude, esta mudança é visível em todos os níveis da cadeia, o
cliente pede, o empreendedor sabe que este é um fator importante, ainda hoje há
uma preocupação constante por saber o que o cliente quer. Tivemos-nos a
oportunidade de participar do projeto do primeiro empreendimento no Brasil que
obteve o selo Ouro da Caixa. Este hoje é um diferencial, mas em breve será um pré-requisito.
Claro que não todos acordaram para esta mudança, tem quem ainda encara isto
como um custo e não como um valor agregado.
- De um modo geral, acha que a arquitetura e a
construção estão mais atentas e levando em consideração a questão da
sustentabilidade nas obras?
Hoje os bons
profissionais se pautam pela sustentabilidade, um bom projeto não pode
desconsiderar esta abordagem, é um caminho sem volta. O resultado será melhor
qualidade de vida, uma sociedade mais responsável e uma melhor relação com o médio
ambiente. Se mantivermos o rumo em poucos anos teremos uma nova geração de
consumidores comprometidos e eco-responsaveis.
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