Quanto custa um jardim?
Antes de contratar o projeto, o cliente sempre
pergunta: quanto vai custar o jardim? A resposta não é simples, porque
dependerá de muitas variáveis. O tamanho da área, a complexidade da obra, o
padrão e os tipos de plantas, o lugar ou aspectos técnicos, como a
disponibilidade de materiais e insumos perto do local. Um jardim de 50 m² numa
cobertura não terá o mesmo custo que outro de 10,000 m² numa fazenda. Temos que
calcular sempre o preço por m² e não nos deixar influenciar pelo preço total.
Isso porque quando falamos de preço total para jardins diferentes acabamos
gerando mal entendidos e distorcemos o conceito de valor e preço.
O setor da construção civil utiliza o CUB
(Custo Unitário Básico) como uma referência de preço e custo, e é importante
entender este conceito. O cliente sabe que o preço da sua obra será o resultado
de multiplicar o número de metros quadrados pelo valor do CUB. Poderá ainda
calcular alguns ajustes de acordo com o padrão da obra, mas terá uma base de
cálculo para poder orçar com precisão antes de iniciar a construção.
No paisagismo isso nem sempre acontece.
Imaginemos uma floreira numa cobertura, em que todos os materiais têm que subir
pelo elevador. Muitos condomínios residenciais definem horários rígidos para
entrada de materiais e para a realização de trabalhos de manutenção, o que
reduz muito o tempo útil de trabalho. O resultado é que a obra acaba custando
mais. A mesma floreira, se estivesse alocada na planta baixa do mesmo edifício,
poderia chegar a custar até 40% menos, utilizando as mesmas plantas e
materiais. O mesmo acontece com o tipo de jardim. Um canteiro com bromélias,
orquídeas ou plantas de alto valor unitário terá um custo por m² superior a um
jardim com grama ou forrações. O tamanho e a qualidade das plantas tem um peso
importante na hora de calcular o custo final do jardim. Podemos especificar
árvores de 2,00 m de altura e um DAP (Diâmetro a Altura do Peito) de 2 a 3 cm,
ou árvores de 4,00 a 5,00 m e um DAP de 15 a 20 cm, e o preço poderá variar de
poucas dezenas de reais a milhares de reais por unidade.
Certa vez, tivemos duas situações
interessantes. No projeto de uma indústria, o cliente nos informou que teríamos
um orçamento de R$ 150 mil para o projeto e a execução. O cliente estava nos
dizendo que poderíamos elaborar um bom projeto e que não faltariam recursos
para fazer um bom jardim. Olhando a planta e num cálculo rápido, comentei que a
área total a ser trabalhada seria de mais de 100.000 m² e que mesmo com grandes
áreas de gramado, como estava previsto, o custo não seria inferior a R$ 1
milhão e que provavelmente ficaria mais perto do R$ 1,5 milhão. No primeiro
momento ficou surpreso. Achava que tinha previsto um orçamento suficiente para
o projeto de paisagismo e o jardim. Fizemos algumas contas e na hora percebeu
que com o orçamento previsto nem conseguiria colocar grama em toda a área, sem
considerar nenhum outro investimento adicional.
Este exemplo não é um caso isolado. No projeto
de um condomínio residencial o orçamento era de pouco mais de R$ 60 mil para aproximadamente
2.000 m² de jardim. O investimento do empreendimento foi de mais de R$ 15
milhões e para paisagismo o total representa menos de 0,5% do total do
investimento. Outra situação é a que encontramos na hora de projetar ou
executar um jardim pequeno. Às vezes, do tamanho de uma floreira. Nestes casos,
os custos básicos de visita, trabalho de escritório e acompanhamento,
representam um valor significativo para um trabalho pequeno em área, mas
complexo e envolvente. Neste caso o custo por m² de jardim pode chegar a
milhares de reais.
Estes são parte dos dilemas que enfrentamos na
hora de responder a pergunta: quanto custa o jardim? Com mais de 30 anos de
experiência e quase mil projetos executados, temos compartilhado com os nossos
clientes a lógica do CUP (Custo Unitário de Paisagismo). Ela nos permite
informar na hora em que contrata o projeto qual será o custo aproximado da
execução. Desenvolvemos três níveis de custo, de acordo com as variáveis que
devem ser consideradas e logicamente estes valores mudam de região para região,
mas mantém a sua lógica e proporção.
Nível A – Jardins mais simples
Uso de plantas de menor porte, menor densidade
de plantio e espécies mais rústicas. São jardins com extensões maiores de grama
ou forrações. Com árvores de porte menor, até 2 m de altura e menor quantidade
de canteiros de flor. Basicamente são jardins com plantas perenes e baixo custo
de manutenção. É o padrão para grandes áreas, para projetos imobiliários mais
econômicos. Incluem alguns bancos e áreas de pisos, mas preferencialmente
utilizam pisos permeáveis de pó de brita ou saibro compactado para os caminhos
e circulações.
Nível B – Jardins de padrão médio
Uso de árvores de porte médio, com canteiros
de flor e arbustos floríferos. Maior densidade de plantio e utilização de
plantas e flores de maior qualidade e preço. Árvores de até 4 metros de altura,
palmeiras de 3 a 4 metros e arbustos de mais de 1 metro de altura. Plantas bem
desenvolvidas e com maior padrão. Com utilização de chips, adubos de lenta liberação
e materiais de acabamento diferenciados. Incorporam equipamentos básicos como
bancos e playgrounds de baixa complexidade.
Nível C – São os jardins de alto padrão
Uso de plantas exemplares. Árvores de mais de
5 metros de altura, que requerem, na construção, da utilização de equipamentos
pesados como guindastes e escavadeiras, com obras de complexidade como lagos,
córregos, pergolados, áreas de lazer e playgrounds.
Quais os valores para cada nível?
Um jardim do nível A terá um custo
entre R$60 e R$80 por m². Um jardim de nível B custaria entre R$90 e
R$120 por m² e para os de nível C o custo por m² se situa entre os R$120
e os R$250 também por m². Entendendo que neste último caso o céu é o limite. Um
jardim vertical com orquídeas pode custar até 10 vezes este preço. O objetivo
não é definir uma “tabela” de preços e sim compartilhar os preços praticados
pelo mercado na região norte de Santa Catarina.
Um alerta
Desconfie de preços muito baixos. Preços
abaixo dos custos significam problemas ou na qualidade das plantas, ou na troca
das plantas especificadas por outras de preço e tamanho inferior. Preços baixos
demais significam economia no preparo do solo, nas quantidades de fertilizante,
na profundidade de preparo, ou trabalhar com funcionários sem registro, sem
equipamentos de segurança e sem treinamento adequados. Não há milagres.
Investir num projeto para depois economizar centavos na hora da execução é um
erro muito comum. Um erro cometido na maioria das vezes por desconhecimento.
Quando não se dispõe de muito dinheiro é preferível investir no preparo do solo
e comprar mudas menores, que depois crescerão. O preparo do solo é o alicerce
de todo bom jardim. Um bom projeto especifica as quantidades, os tamanhos, as
embalagens e as densidades de plantio. Assim é mais fácil evitar problemas
posteriores.
Para ter acesso ao post atualizado (2021): https://aboavistapaisagismo.blogspot.com/2021/07/quanto-custa-um-jardim-2021.html
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