É PRIMAVERA E...
Preciso varrer da minha alma a melancolia do desviver e engordar-la já, com o primeiro broto primavero.
Tirar a vigília insonolente da invernagem e me lançar em uma gula devoradora de paisagens. Avistar, em um lance, um relevo prenhe de pimpolhos à desabrochar e sem piedade, mas com a devota vontade de quem muito esperou, comê-los com meus olhos, até encher minha alma com um monte de pétalas bem pintadas.
Prossigo à primaverar atrás de um guapuruvu temporão, saturado de flores amarelas, e o encontro esplêndido, na Costeira do Pirajube, pertinho do centro de Florianópolis, entretido a contemplar as nuvens que sombreiam sua copa.
Assim será minha primavera catarinense, repleta de cenários florescentes. Por isso, e a partir de agora, declaro o fim das dietas incorpóreas. Preciso engordar minha alma, preciso comer avidamente, com largas olhadas, o que esta primavera exibida me traz.
Raul Cânovas - p a i s a g i s t a
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