20 julho 2009

Jardins secretos

Jardins secretos

NO CENTENÁRIO DE BURLE MARX, SAIBA QUAIS FORAM OS PROJETOS DO PAISAGISTA EM JOINVILLE

No próximo mês, será comemorado o centenário do nascimento de Roberto Burle Marx (1909-1994). Faziam parte do legado de Burle Marx duas obras em Joinville: a reformulação da praça Dario Salles, em 1988, e o projeto paisagístico do edifício Luxemburgo, de 1991. Segundo o paisagista Jordi Castan, os dois trabalhos estão desfigurados e nada mais têm a ver com os projetos de Burle Marx.

Se obras de arte – telas, painéis e esculturas – precisam de reparos para combater a ação do tempo, quem dirá um projeto paisagístico, que muda diariamente com o crescimento e morte das plantas. No caso do projeto paisagístico do edifício Luxemburgo, na rua Leopoldo Fischer, 266, Atiradores, Jordi aponta a falta de manutenção como o principal problema.

“Não teve o cuidado necessário. Mas não dá para culpar uma única pessoa. O problema não é da empresa que executou, nem da empresa contratada, que procurou fazer da melhor forma possível. Faltou o condomínio entender o que é ter um projeto de Burle Marx”, diz Jordi, ex-funcionário e também amigo do paisagista.

Para Jordi, a “criatividade” dos jardineiros que passaram pelo edifício resultou no fim do projeto de Burle Marx. “Durante todo esse tempo, foram colocando uma florzinha aqui, uma plantinha lá, até não restar nada. Imagina se quando caíssem os azulejos do painel do Juarez Machado, no Centreventos, um pedreiro tivesse decidido colocar o que mais gostasse e não o que o artista escolheu”, compara Jordi.

A outra obra de Burle Marx em Joinville, a reformulação da praça Dario Salles, foi praticamente apagada com a reformulação do local, finalizada este ano. Os desenhos em pedra portuguesa foram arrancados. “Do projeto do Burle Marx, só restaram as palmeiras”, lamenta Jordi.

De acordo com ele, a reforma da praça, em 1988, nunca foi levada até o final. “O plano era construir um centro cívico onde fica o terminal de ônibus. Aquele espelho de água, da Dario Salles, seguiria até lá, cortando a Praça da Bandeira. Mas só uma parte do projeto foi realizada. O resto ficou apenas no papel”, revela Jordi.

O espanhol Jordi Castan conheceu Burle Marx na Venezuela. Foi a convite dele que Jordi veio para o Brasil. “Ele foi um grande amigo. Uma pessoa extremamente culta, inteligente e aberta a sugestões”, elogia Jordi. Ele pretende promover este ano em Joinville seminários e exposições em homenagem ao velho amigo.

rodrigo.schwarz@an.com.br

Texto publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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