Prefeito desiste de cortar as 46 árvores às margens do rio Cachoeira
As 46 figueiras que estão às margens do rio Cachoeira, no trecho entre a ponte azul e a Casa da Cultura, não serão derrubadas pela Prefeitura. Não na gestão do prefeito Marco Tebaldi (PSDB). “As árvores vão continuar onde estão. Agora, sinceramente, espero que não haja nenhuma tragédia”, afirma Tebaldi. A decisão foi anunciada ontem, pouco mais de um mês depois de o prefeito declarar que cortaria as figueiras, o que provocou reações contrárias da comunidade.
Desafio: Técnicos vão procurar agora alternativas para amenizar os estragos provocados pelas raízes das árvores no asfalto.
Apesar da determinação de não cortar as árvores, a Prefeitura mantém a tese de que elas não são adequadas para o local, por serem muito grandes, terem raízes pesadas que pressionam o solo e causam erosão. Estudos informais produzidos por engenheiros do Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj) e da Secretaria de Infra-estrutura (Seinfra) respaldam a teoria de que é necessário tomar providências. “O perigo é real”, alerta o presidente do Ippuj, Geovah Amarante.
Orientado por técnicos e secretários, o prefeito desistiu da intenção de debater o futuro das figueiras entre instituições e sociedade, o que tinha sido anunciado logo depois de o assunto provocar repercussão na comunidade. Nos bastidores, a informação é de que Tebaldi resolveu atender aos apelos da comunidade e evitar que o caso fosse explorado politicamente, principalmente por este ano ser eleitoral.O desafio da Prefeitura, agora, é encontrar alternativas para garantir a segurança dos pedestres e amenizar os estragos que as raízes das árvores estão provocando no meio-fio e no asfalto, que apresenta rachaduras.As duas propostas apresentadas por especialistas ouvidos pelo AN Cidade em 11 de janeiro ­– os paisagistas Roberto Drefahl e Jordi Castan e o arquiteto Sérgio Gollnick – por enquanto são descartadas pelas equipes da Prefeitura.Uma delas, a construção de um deque de madeira às margens do Cachoeira, é inviável na opinião de profissionais do Ippuj. Além de não resolver o problema, há o risco de uma árvore cair sobre a armação, apontam os técnicos.A idéia de construir uma vala de concreto também não é vista com bons olhos, uma vez que seria necessário interromper ao menos uma das pistas da avenida Hermann August Lepper, o que prejudicaria o trânsito. “Essas soluções são paliativas, podem resolver o problema durante um ou dois anos, o que não é o ideal”, argumenta Tebaldi.Um laudo produzido pelo Centro de Engenheiros e Arquitetos de Joinville (Ceaj) e pela Associação Joinvilense de Engenheiros Civis (Aceji) será entregue à Prefeitura em alguns dias. A Seinfra, que é a responsável pela obras, deve aguardar os dados para discutir alternativas e calcular custos. “Alguma contenção tem de ser realizada naquele local”, diz o secretário Roberto Winter.
O caso
Há 46 figueiras em um trecho de 500 metros, entre a ponte azul e a Casa da Cultura, na avenida Hermann August Lepper. Ao longo dos 1.450 metros da avenida, entre a ponte azul e a Itaiópolis, há mais de 120 figueiras. Todas foram plantadas pela Prefeitura em 1996.
OS PROBLEMAS APONTADOS PELA PREFEITURA
*As figueiras são muito grandes, têm raízes pesadas, que pressionam o solo e causam erosão.
*As árvores estão estragando o asfalto com rachaduras.
*As raízes estão estourando canos e o sistema de drenagem.
*A tubulação de gás que passa no local pode ser atingida. Há ainda o risco de uma daquelas figueiras cair dentro do rio ou ainda sobre um carro ou um pedestre.
*O talude (terreno inclinado na margem do rio) é muito íngreme, o que não dá estabilidade para as figueiras.
ALTERNATIVAS APONTADAS
Os paisagistas Roberto Drefahl e Jordi Castan e o arquiteto Sérgio Gollnick apresentaram propostas para manter as figueiras no local
DEQUE DE MADEIRA: A sugestão é de construção de um deque de madeira sobre o rio para que as pessoas pudessem caminhar com segurança e na sombra.O que diz a PrefeituraAs árvores podem cair sobre o deque. Há ainda o custo da obra. Não é qualquer madeira que pode ser usada neste tipo de construção.
VALA DE CONCRETO: Foi proposta a construção de uma vala de concreto no asfalto, a 1,5 metro de distância das árvores e com um metro de profundidade, o que desviaria as raízes para baixo.
O que diz a Prefeitura: A proposta é inviável, porque seria necessário interromper uma das faixas da avenida Hermann August Lepper, o que interferiria no trânsito de veículos pelo centro da cidade, que hoje enfrenta congestionamentos.
QUEM ESTÁ ENVOLVIDO NA DISCUSSÃO
Secretaria de Infra-estrutura (Seinfra)
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (Ippuj)
Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville (Conurb)
Centro de Engenheiros e Arquitetos de Joinville (Ceaj)
Associação Joinvilense de Engenheiros Civis (Aceji)
(Matéria publicada no Jornal A Notícia - 14/02/2008)
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