12 agosto 2025

Congresso Paisagismo para Todos

 Congresso Paisagismo para Todos na Garden Fair



De 13 a 15 de julho tivemos a oportunidade de participar no Congresso Paisagismo para Todos, evento organizado junto a Garden Fair em Holambra SP.

O tema que desenvolvemos foi “Paisagismo e identidade” numa época em que cada vez mais se perde o conceito de identidade e tudo acaba tendo a mesma cara, as mesmas cores, as mesmas referencias é importante reforçar o conceito de identidade. Num pais continental como o Brasil não faz sentido que arquitetura e paisagismo ofereçam as mesmas soluções e propostas para o norte e o sul, que encontremos em todos os projetos as mesmas plantas e que nossa linguagem botânica e nosso repertorio seja cada vez mais pobre.


Destacar a importância de conhecer mais sobre plantas, fisiologia vegetal, geografia, arquitetura e os princípios básicos de proporção, escala e perspectiva são elementos vitais para desenvolver bons projetos de paisagismo.

Nos diferenciar dos outros profissionais pela qualidade, a identidade dos nossos projetos é o maior desafio que enfrentamos num mercado em que há sempre mais do mesmo. Onde todos os projetos não só têm a mesma cara, apresentam as mesmas soluções para os mesmos problemas e situações.

Olhar além do evidente é o desafio que propusemos aos participantes do congresso.

Para nos e para nossa equipe que esteve presente no evento foi uma oportunidade única de aprender, compartir e crescer com a troca de experiencias e conhecimentos com todos e cada um dos participantes. 



06 agosto 2025

Profissionalizar é o único caminho


Durante o mês de julho, Holambra foi palco de mais uma edição da Garden Fair, evento que vem se consolidando no calendário do setor com crescimento notável em estrutura, conteúdo e público. Um dos destaques foi o congresso "Paisagismo para Todos", que mais uma vez se firmou como um importante ponto de encontro para profissionais e entusiastas do paisagismo.

Arquitetos, agrônomos, biólogos, paisagistas, jardineiros e profissionais de áreas correlatas reuniram-se para debater caminhos, compartilhar experiências e fortalecer o mercado. Nesta edição, um tema emergiu com força: a urgente necessidade de profissionalização no setor.

O mercado está mais exigente, técnico e competitivo. Para se destacar, é essencial que os profissionais estejam preparados, com domínio de diversas disciplinas que compõem o universo do paisagismo — do planejamento à execução, do conhecimento botânico ao entendimento das necessidades do cliente.

O congresso proporcionou um espaço verdadeiramente plural, onde profissionais renomados, com décadas de experiência, dividiram o mesmo ambiente com iniciantes, estudantes e curiosos. Esse ambiente de troca, acessível e democrático, é um dos maiores ativos do evento: todos aprendem, todos ensinam.

Mas participar vai além de assistir às palestras. É preciso mergulhar no conteúdo oferecido, frequentar os workshops, visitar os estandes da feira, conversar com os expositores, fazer perguntas e ouvir com atenção. Em um setor em constante evolução, ninguém tem todas as respostas — e, muitas vezes, ainda não formulamos as perguntas certas.

Um bom congresso é aquele que nos provoca. Aquele do qual saímos com mais dúvidas do que certezas, impulsionados pelo desejo de saber mais. O conhecimento é um processo contínuo, e é nele que reside o verdadeiro motor de crescimento do setor.

Hoje, é inegável: o paisagismo ainda representa um dos elos mais frágeis da cadeia de flores e plantas ornamentais.

Enquanto a produção se profissionalizou de forma significativa nas últimas décadas, o paisagismo e a jardinagem ainda convivem com realidades desiguais — profissionais altamente capacitados atuando lado a lado com outros sem a formação necessária. E o prejuízo, muitas vezes, recai sobre o cliente, que só percebe a má execução quando o jardim já está pronto e o investimento, perdido.

Quando um projeto mal feito compromete a imagem do setor, todos pagam a conta. Por isso, a valorização da capacitação deve ser uma bandeira de todos nós.


Que possamos continuar estudando, trocando experiências, participando de congressos e apoiando eventos que promovam o desenvolvimento do paisagismo. Um mercado mais profissional, mais técnico e mais ético é, sem dúvida, melhor para todos.

01 agosto 2025

Você conhece o Jardim da Dança?

 


Você conhece o Jardim da Dança?

Em clima de Festival, trazemos nosso projeto Jardim da Dança, localizado no Centro de Dança Saltare. Um espaço lúdico, aberto e polivalente, com uma praça retangular que funciona como ponto de encontro e conexão. 

As formas orgânicas quebram a rigidez das construções do entorno. As curvas evocam a delicadeza do movimento das bailarinas e conduzem o projeto, envolvendo um anfiteatro pensado para apresentações formais ou espontâneas.


Uma cerca metálica com vegetação em pontos estratégicos garante maior isolamento acústico e privacidade aos espaços de trabalho do Saltare — onde ficam os laboratórios de dança, salas de aula e áreas de experimentação.



08 julho 2025

Loucos por Likes: o impacto (positivo e negativo) das redes sociais na floricultura

As redes sociais se tornaram ferramentas indispensáveis no cotidiano pessoal e profissional. No setor da floricultura, elas oferecem uma vitrine poderosa para compartilhar projetos, divulgar tendências, promover negócios e disseminar conhecimento técnico. Nunca foi tão fácil acessar dicas sobre plantas, conhecer novos fornecedores ou se inspirar com belos jardins e arranjos. Nossos clientes estão cada vez mais informados — o que é excelente. Um consumidor bem informado valoriza a qualidade, exige mais profissionalismo e, com isso, impulsiona um mercado mais competitivo e maduro.


No entanto, o excesso de informação não significa, necessariamente, melhor informação. Uma simples busca por determinada planta pode gerar dezenas de imagens conflitantes — muitas vezes, com nomes errados ou informações imprecisas. Cabe aos profissionais capacitados o papel de filtrar, validar e esclarecer. E é aí que o conhecimento técnico se destaca como diferencial inquestionável.

Ao mesmo tempo em que ampliam o acesso à informação, as redes também abriram espaço para os chamados “loucos por likes” — personagens que, na ânsia por engajamento, se autoproclamam especialistas, formadores de opinião, professores ou consultores. Utilizam manchetes sensacionalistas e conteúdo exagerado para atrair cliques, mesmo que isso signifique espalhar fake news ou desinformação sobre o setor.

Alertas alarmistas sobre plantas “perigosas”, espécies “invasoras” ou “crimes ambientais” se proliferam a cada postagem, quase sempre sem respaldo técnico ou científico. Essa estratégia do medo, que explora o desconhecimento do público, pode desvalorizar o trabalho sério de quem atua com responsabilidade e amor pelas plantas.

É preciso separar os que realmente contribuem para o desenvolvimento da floricultura — com conteúdo qualificado, didático e honesto — daqueles que se aproveitam do caos para ganhar visibilidade. O espaço urbano, por exemplo, é um ambiente artificial, profundamente modificado pela ação humana. Pensar que ele deve reproduzir integralmente um ecossistema nativo é ignorar sua própria natureza.

A escolha de espécies para paisagismo deve considerar função, adaptabilidade, bioma, clima, manutenção e impacto ambiental, e não apenas a origem da planta. Aliás, vale lembrar: muitas das espécies que fazem parte da nossa rotina (como a laranja, o arroz e até o boi) não são nativas do Brasil. Nesse contexto, a pergunta inevitável é: quem, afinal, é exótico?

O que realmente fortalece a floricultura brasileira é a circulação de conhecimento sério, com equilíbrio, respeito à ciência e compromisso com o desenvolvimento sustentável. O mercado precisa de informação confiável, não criar o pânico disfarçado de conteúdo. Que sejamos multiplicadores de boas práticas, e não reféns da lógica do “quanto mais polêmica, melhor”.


Um bom exemplo de equilíbrio entre natureza e urbanização é o Parque Trianon, em plena Avenida Paulista, coração financeiro de São Paulo. Embora esteja inserido em um ambiente urbano extremamente hostil, o parque abriga uma rica composição vegetal — com espécies nativas e exóticas convivendo de forma harmoniosa. Ao contrário do discurso alarmista de que plantas não nativas representam uma ameaça automática ao ecossistema, o Trianon mostra que, com manejo adequado e planejamento paisagístico, é possível preservar biodiversidade, oferecer sombra, melhorar o microclima e proporcionar bem-estar à população. Não se trata de demonizar espécies, mas de entender sua função ecológica e seu papel na paisagem construída.

26 maio 2025

Xeropaisagismo:

 Xeropaisagismo: projetos que reduzem o consumo de água sem abrir mão da beleza


Soluções paisagísticas para tempos de escassez hídrica

Em um mundo onde a escassez de água se torna uma preocupação crescente, o paisagismo também precisa se adaptar. E rápido. Com secas prolongadas, crises hídricas cada vez mais frequentes — inclusive no Brasil — e restrições severas de uso de água em diversos países, é hora de olhar para soluções mais sustentáveis. Em várias regiões, irrigar jardins, encher piscinas ou mesmo lavar calçadas está terminantemente proibido, sob pena de multas pesadas — mesmo quando se utiliza água de reuso ou de chuva.

Diante dessa nova realidade, surge com força o xeropaisagismo: uma abordagem inteligente e ecologicamente responsável que prioriza projetos de jardins com consumo hídrico mínimo, sem comprometer a estética e o impacto visual.

Inspirado em práticas adotadas em estados como o Texas, onde legislações locais proíbem o uso de espécies não nativas ou que demandem irrigação, o xeropaisagismo propõe uma revolução silenciosa — porém visualmente marcante. Os jardins são concebidos desde o início para prosperar apenas com água da chuva ou do orvalho, eliminando ou reduzindo drasticamente a necessidade de irrigação artificial.

Mas não se trata apenas de escolher “plantas que não precisam de água”. Um projeto de xeropaisagismo exige estudo técnico e sensibilidade ambiental. Começa com a análise criteriosa do clima, tipo de solo, incidência solar, topografia do terreno e direção dos ventos predominantes — fator que influencia diretamente na perda de umidade e desidratação das plantas.

A escolha das espécies é estratégica. Devem ser nativas da região ou adaptadas a ambientes áridos e semiáridos, com características fisiológicas que favoreçam a retenção de água e resistência à seca. E o Brasil, com seus biomas diversos — como Cerrado, Caatinga e regiões do Sertão — abriga uma biodiversidade extraordinária de plantas adaptadas à seca, muitas ainda pouco exploradas no paisagismo convencional.

Além da vegetação adequada, o projeto deve incluir técnicas de conservação da umidade no solo, como o uso de mulching (cobertura orgânica), sistemas de captação e reaproveitamento da água da chuva, barreiras naturais contra o vento, agrupamentos vegetais que favoreçam o microclima e soluções que reduzam a evaporação.

Mais do que uma tendência estética, o xeropaisagismo é uma resposta ética e necessária frente à escassez hídrica. Com baixa manutenção e economia significativa no consumo de água, ele representa uma mudança de paradigma no planejamento de áreas verdes — ideal para espaços públicos, condomínios, empresas e residências que buscam aliar beleza, sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Exemplos de plantas ideais para projetos de xeropaisagismo:

Cactos: variam em formas e tamanhos, exigem pouca água e são muito decorativos

Suculentas: armazenam água em folhas e caules, com visual moderno e versátil

Agaves: folhas longas e pontiagudas, com alta resistência

Aloes: resistentes e floríferas, também armazenam água

Yuccas e Beucarneas: com folhas rígidas e esculturais

Aromáticas: espécies como alecrim e lavanda, que resistem bem à seca e agregam aroma

Vellozias (Canela-de-ema): símbolo de resistência à seca

Bromélias: acumulam água entre as folhas e oferecem grande valor ornamental

O futuro do paisagismo é resiliente, consciente e belo — e o xeropaisagismo é o caminho.