09 abril 2025

Quanto custa um jardim? 2025

 Antes de contratar o projeto, o cliente sempre pergunta: quanto vai custar o jardim? A resposta não é simples, porque dependerá de muitas variáveis. O tamanho da área, a sua complexidade, o padrão e os tipos de plantas, a localização, a topografia, os aspectos técnicos envolvidos, como a disponibilidade de materiais e insumos perto do local. 



Um jardim de 50 m² numa cobertura não terá o mesmo custo, por metro quadrado (m²) que outro de 10,000 m² numa fazenda. Temos que calcular sempre o preço por m² e não nos deixar influenciar pelo preço total. Isso porque quando falamos de preço total para jardins diferentes acabamos gerando mal-entendidos e distorcemos o conceito de valor e preço.
O setor da construção civil, no Brasil, utiliza o CUB (Custo Unitário Básico) como uma referência de preço e custo, e é importante entender este conceito. O cliente sabe que o preço da sua obra será o resultado de multiplicar o número de metros quadrados pelo valor do CUB. Poderá ainda calcular alguns ajustes de acordo com o padrão da obra, mas terá uma base de cálculo para poder orçar com precisão antes de iniciar a construção.



No paisagismo isso nem sempre acontece. Imaginemos uma floreira numa cobertura, em que todos os materiais têm que subir pelo elevador. Muitos condomínios residenciais definem horários rígidos para entrada de materiais e para a realização de trabalhos de manutenção, o que reduz muito o tempo útil de trabalho. O resultado é que a obra acaba custando mais. A mesma floreira, se estivesse situada na planta baixa do mesmo edifício, poderia chegar a custar até 40% menos, utilizando as mesmas plantas e materiais. O mesmo acontece com cada tipo de jardim. Um canteiro com bromélias, orquídeas ou plantas de alto valor unitário terá um custo por m² superior a um jardim com grama ou forrações. O tamanho e a qualidade das plantas têm um peso importante na hora de calcular o custo final do jardim. Podemos especificar árvores de 2,00 m de altura e um DAP (Diâmetro a Altura do Peito) de 2 a 3 cm, ou árvores de 4,00 a 5,00 m e um DAP de 15 a 20 cm, e o preço poderá variar de poucas dezenas de reais a milhares de reais por unidade.

Certa vez, tivemos duas situações interessantes. No projeto de uma indústria, o cliente nos informou que teríamos um orçamento de R$ 150 mil para o projeto e a execução. O cliente estava nos dizendo que poderíamos elaborar um bom projeto e que não faltariam recursos para fazer um bom jardim.
Olhando a planta e num cálculo rápido, comentamos que a área total a ser trabalhada seria de mais de 100.000 m² e que mesmo com grandes áreas de gramado, como estava previsto, o custo não seria inferior a R$ 1 milhão e que provavelmente ficaria mais perto do R$ 1,5 milhão. No primeiro momento ficou surpreso. Achava que tinha previsto um orçamento suficiente para o projeto de paisagismo e a execução do jardim. Fizemos algumas contas rápidas e na hora percebeu que com o orçamento previsto nem conseguiria colocar grama em toda a área, sem considerar nenhum outro investimento adicional.


Este exemplo não é um caso isolado. No projeto de um condomínio residencial o orçamento era de pouco mais de R$ 60 mil para aproximadamente 2.000 m² de jardim. O investimento do empreendimento foi de mais de R$ 15 milhões e para paisagismo o total representava menos de 0,5% do total do investimento, um valor desproporcionalmente baixo para um empreendimento de aquele padrão. Outra situação é a que encontramos na hora de projetar ou executar um jardim pequeno. Às vezes, do tamanho de uma floreira. Nestes casos, os custos básicos de visita, trabalho de escritório e acompanhamento, representam um valor significativo para um trabalho pequeno em área, mas complexo e envolvente. Neste caso o custo por m² de jardim pode chegar a milhares de reais.

Estes são parte dos dilemas que enfrentamos na hora de responder a pergunta: quanto custa o jardim? Com 40 anos de experiência e mais de mil projetos executados, temos compartilhado com os nossos clientes a lógica do CUP (Custo Unitário de Paisagismo). Ela nos permite informar quando contrata o projeto qual será o custo aproximado da execução. Desenvolvemos três níveis de custo, de acordo com as variáveis que devem ser consideradas e logicamente estes valores mudam de região para região, mas mantém a sua lógica e proporção. No nosso caso a nossa base de calculo é Santa Catarina.



Nível A – Jardins mais simples
Uso de plantas de menor porte, menor densidade de plantio e espécies mais rústicas. São jardins com extensões maiores de grama ou forrações. Com árvores de porte menor, até 2 m de altura e menor quantidade de canteiros de flor. Basicamente são jardins com plantas perenes e baixo custo de manutenção. É o padrão para grandes áreas, para projetos imobiliários mais econômicos. Incluem alguns bancos e áreas de pisos, mas preferencialmente utilizam pisos permeáveis de pó de brita ou saibro compactado para os caminhos e circulações.

Nível B – Jardins de padrão médio
Uso de árvores de porte médio, com canteiros de flor e arbustos floríferos.
Maior densidade de plantio e utilização de plantas e flores de maior qualidade e preço. Árvores de até 4 metros de altura, palmeiras de 3 a 4 metros e arbustos de mais de 1 metro de altura. Plantas bem desenvolvidas e com maior padrão. Com utilização de chips, adubos de lenta liberação e materiais de acabamento diferenciados. Incorporam equipamentos básicos como bancos e playgrounds de baixa complexidade.

Nível C – São os jardins de alto padrão
Uso de plantas exemplares. Árvores de mais de 5 metros de altura, que
requerem, na construção, da utilização de equipamentos pesados como
guindastes e escavadeiras, com obras de complexidade como lagos,
córregos, pergolados, áreas de lazer e playgrounds.


Quais os valores para cada nível?
Um jardim do nível A terá um custo entre R$115 e R$140 por m². Um jardim de nível B custaria entre R$150 e R$200 por m² e para os de nível C o custo por m² se situa entre os R$210 e os R$375 também por m². Entendendo que neste último caso o céu é o limite. Um jardim vertical com orquídeas ou bromélias pode custar até 10 vezes este preço. O objetivo não é definir uma “tabela” de preços e sim compartilhar os preços praticados pelo mercado no estado de Santa Catarina.


Um alerta
Desconfie de preços muito baixos. Preços abaixo dos custos significam
problemas ou na qualidade das plantas, ou na troca das plantas
especificadas por outras de preço e tamanho inferior. Preços baixos demais significam economia no preparo do solo, nas quantidades de fertilizante, na profundidade de preparo, no tamanho das covas, ou trabalhar com funcionários sem registro, sem equipamentos de segurança e sem treinamento adequados. Não há milagres. Investir num projeto para depois economizar centavos na hora da execução é um erro muito comum. Um erro cometido na maioria das vezes por desconhecimento. Quando não se dispõe de muito dinheiro é preferível investir no preparo do solo e comprar mudas menores, que depois crescerão. O bom preparo do solo é o alicerce de todo bom jardim. Um bom projeto especifica as quantidades, os tamanhos, as embalagens e as densidades de plantio. Assim é mais fácil evitar problemas posteriores.

04 abril 2025

Jardins para polinizadores

 

Jardins para polinizadores: Como atrair abelhas, borboletas e pássaros para um ecossistema equilibrado

Em meio ao avanço da urbanização e da homogeneização das paisagens urbanas, uma pergunta urgente se impõe: para onde foi a vida nos nossos jardins? Em vez de ambientes coloridos e pulsantes, temos visto cada vez mais espaços monótonos, com pouca diversidade vegetal e escassa presença de insetos, aves e outros animais silvestres.

Essa simplificação dos espaços verdes não é apenas uma perda estética — ela representa uma séria ameaça à biodiversidade. E a consequência já é visível: aumento de pragas, doenças, desequilíbrio ambiental e uma desconexão cada vez maior entre as cidades e a natureza.

Mas esse cenário pode ser transformado — e já existem movimentos que apontam o caminho.

Mais biodiversidade, menos estéril: o novo paisagismo urbano

Uma tendência crescente entre paisagistas e planejadores urbanos tem sido projetar jardins com função ecológica: atrair polinizadores como abelhas, borboletas e até pássaros, contribuindo para o restabelecimento de um ecossistema mais rico e equilibrado. Esses jardins, além de belos, são ambientes vivos, que desempenham um papel fundamental na regeneração ambiental e no combate ao empobrecimento da biodiversidade urbana.

“Ao substituir gramados extensos e monótonos por plantas floridas e nativas, começamos a criar verdadeiros oásis de vida em meio ao concreto”, destaca um especialista em paisagismo ecológico. “Enquanto um gramado se comporta como um deserto verde, sem atrativos para a fauna, um jardim florido pode se tornar um micro ecossistema fértil e saudável.”

Do deserto verde ao refúgio da vida: como transformar um jardim

O ponto de partida para essa transformação está na escolha das espécies vegetais. Arbustos topiados e áreas exclusivamente gramadas pouco contribuem para a vida selvagem urbana. Já o uso de forrações floridas e espécies nativas pode reverter esse quadro rapidamente.

Entre as opções recomendadas estão as forrações como Persicaria, Indigofera, Sphagneticola e Arachis, que substituem com eficiência os gramados tradicionais, além de flores como lantanas, petúnias, verbenas, margaridas e girassóis, todas excelentes para atrair insetos polinizadores.

Além disso, árvores frutíferas nativas têm um papel-chave no retorno da avifauna. Espécies que oferecem alimento natural aos pássaros incentivam o retorno de aves que, por sua vez, espalham sementes e contribuem para a regeneração vegetal em áreas urbanas e degradadas.

Hotéis de insetos: arquitetura a favor da biodiversidade

Outro recurso criativo e funcional que vem ganhando espaço nos projetos de jardins ecológicos são os hotéis de insetos — pequenas estruturas feitas de materiais naturais como madeira, palha, bambu e argila que oferecem abrigo e criadouros seguros para abelhas solitárias, joaninhas e outros insetos benéficos.

Esses abrigos funcionam como verdadeiros “berçários” da biodiversidade e reforçam a presença de polinizadores nos jardins ao longo de todo o ano.

Muito além da estética: paisagismo como instrumento de regeneração

Ao investir em jardins biodiversos, paisagistas e profissionais do setor não estão apenas embelezando espaços, mas participando ativamente de um movimento de regeneração ambiental. Cada projeto pensado com esse propósito se torna um núcleo vivo, capaz de reconectar a cidade com a natureza e inspirar uma nova relação com o meio ambiente.

Além dos ganhos ambientais, há também impactos sociais e educativos. Jardins com presença ativa de borboletas, abelhas e pássaros encantam moradores, despertam a curiosidade das crianças e se tornam espaços de contemplação e bem-estar.

E você, já pensou no impacto do seu jardim?

Criar espaços que atraem polinizadores é mais do que uma tendência — é uma responsabilidade ecológica e uma oportunidade de inovar no paisagismo com propósito. Ao fazer escolhas conscientes de plantas e estruturas, você não só transforma o seu espaço, como também contribui para um futuro mais equilibrado.

 

11 fevereiro 2025

O Jardim como Espaço de Estudo e Transformação

 


Cada jardim é uma obra de arte viva, em constante evolução. Com o passar do tempo, as estações e o crescimento das plantas, ele incorpora o conceito de entropia — a tendência natural à desordem. Se a vida é um processo de resistência à entropia, manter um jardim equilibrado torna-se um desafio constante, pois a tendência natural sempre caminha na direção oposta.

A entropia e sua manifestação nos jardins

A entropia, em termos simples, refere-se à propensão de um sistema a se tornar mais caótico ao longo do tempo. Nos jardins, isso pode ser observado de diferentes maneiras:

            Ervas daninhas e crescimento descontrolado: Sem manutenção, ervas daninhas proliferam, plantas se entrelaçam e as formas projetadas são engolidas pela desordem.

            Matéria orgânica em decomposição: Folhas caem, galhos se acumulam e, sem limpeza, o jardim se torna visualmente desorganizado, além de favorecer pragas e doenças.

            Ciclos de vida e transformação: Plantas nascem, florescem, frutificam e morrem, criando uma dinâmica constante de renovação e transformação.

Jardins clássicos, como os franceses, são um exemplo extremo da tentativa de controle absoluto sobre a natureza, enquanto os jardins mais naturalistas buscam um equilíbrio entre ordem e desordem.

A importância da entropia para o ecossistema do jardim

A entropia desempenha um papel crucial no equilíbrio ecológico. Algumas de suas contribuições são:

            Reciclagem natural de nutrientes: A decomposição de matéria orgânica enriquece o solo, fornecendo nutrientes para novas plantas.

            Adaptação e resiliência: Como Darwin descreveu na teoria da evolução, sobrevivem aqueles que melhor se adaptam. Nos jardins, algumas plantas prosperam por sua resistência às adversidades, como falta de adubação e podas inadequadas. Algumas das espécies mais resilientes incluem Dietes, Cycas, Phorniums, Podocarpus e Buxus, que demonstram alta capacidade de sobrevivência. Não quer dizer que sejam melhores que outras, simplesmente são difíceis de morrer, são ideais para quem não entende muito de jardinagem e esquece de regar, adubar, podar ou simplesmente de fazer a manutenção. Um jardim bem projetado e mantido tem na sua composição plantas mais exigentes, mais bonitas e que representam um desafio maior para os bons profissionais.

Como lidar com a entropia no jardim?

1.          Manutenção regular: Poda, adubação e remoção de ervas daninhas ajudam a manter o equilíbrio e controlar a desordem.

2.          Planejamento eficiente: Escolher plantas adequadas ao clima e ao solo, assim como adotar um design consciente, minimiza os efeitos da entropia.

3.          Aceitação da mudança: A entropia é inevitável. Aprender a conviver com a dinâmica natural do jardim nos permite apreciar sua beleza autêntica.

Compreender a entropia como parte inerente da natureza nos leva a refletir sobre como interagimos com nossos espaços verdes. Jardins bem planejados e mantidos não apenas garantem beleza e funcionalidade, mas também promovem a sustentabilidade e a harmonia com o meio ambiente.

11 dezembro 2024

Como Nasce um Projeto de Paisagismo

 

A criação de um projeto de paisagismo é um processo que, embora possa parecer simples e direto para alguns, geralmente envolve uma jornada complexa, meticulosa e criativa. A inspiração espontânea pode surgir em certos momentos, mas no dia a dia de um escritório profissional, o que se destaca é a soma de experiência, estudo, pesquisa e inúmeras tentativas e ajustes que culminam em soluções que atendem a todas as necessidades do cliente e do espaço.

O caminho para um projeto bem-sucedido exige uma abordagem estruturada. É comum que iniciantes, ansiosos por resultados rápidos, comecem pelo fim, escolhendo plantas antes mesmo de definir a concepção geral do espaço. No entanto, essa inversão de etapas pode comprometer a harmonia e a funcionalidade do projeto. Em nosso escritório, preferimos construir o projeto "desde o alicerce", acrescentando camadas de definição e detalhamento a cada etapa. Isso significa que, muitas vezes, revisamos e ajustamos elementos que pareciam definidos – trocando, por exemplo, uma árvore ou arbusto por outro mais adequado ao conjunto.

O ponto de partida: a integração com a arquitetura


O primeiro passo de qualquer projeto de paisagismo é estudar o projeto arquitetônico e entender o entorno. É aqui que definimos as relações que desejamos estabelecer: integração ou separação de ambientes? O paisagismo deve funcionar como uma ponte entre o construído e o natural, criando vínculos visuais e funcionais.

Frequentemente, enxergamos o jardim como uma extensão dos espaços internos, favorecendo a transição fluida entre ambientes. Essa visão permite que o verde invada a casa por portas e janelas, trazendo frescor e conexão com a natureza. A interação entre os projetos de arquitetura e paisagismo, nesse momento, é essencial para garantir essa harmonia.

Materializando ideias



À medida que avançamos no processo, o projeto vai ganhando forma. Materiais, texturas e cores são definidos, dando corpo às ideias iniciais. A escolha da vegetação, antes vista como algo puramente estético, revela-se um exercício técnico que considera clima, localização, insolação, sombreamento e outros fatores específicos do espaço. Tamanho de floreiras, profundidade de canteiros, beirais e outras estruturas exigem soluções criativas que conciliem beleza e funcionalidade.

Os detalhes que fazem a diferença

Na fase final, o projeto executivo é elaborado com um alto nível de detalhamento. Ele inclui plantas técnicas, especificações de materiais, quantitativos, fichas técnicas e manuais de implantação e manutenção. Cada etapa é acompanhada de perto, garantindo que a execução seja fiel ao que foi concebido no papel.

No paisagismo, o processo criativo é tão importante quanto o resultado. O sucesso de um projeto não está apenas na beleza do jardim pronto, mas na sua capacidade de responder aos desafios, integrar ambientes e oferecer experiências únicas e memoráveis aos seus usuários. Afinal, um bom paisagismo é mais do que um complemento estético: é um elemento vivo, que evolui e transforma os espaços ao seu redor.



22 novembro 2024

Infinity Blue - Piçarras SC

 


No Balneario de Piçarras, no litoral norte de Santa Catarina nosso escritorio entregou o projeto do Infinity Blue.  Um desafiador projeto frente ao mar, com projeto arquitetornico da Equipe Elmor de Curitiba. 

Navegue para conhecer mais deste empreendimento no litoral de Santa Catarina

Infinity Blue