05 novembro 2025

Frutas e PANCs: a nova onda verde nos jardins brasileiros


A onda verde chegou com força — e há espaço para todos que desejam surfar nela. Em meio a visões radicais e discursos apaixonados, há quem defenda o retorno às origens, quem pregue o cultivo apenas de espécies nativas e quem veja a sustentabilidade como um estilo de vida. Mas também há os que acreditam, como nós, na convivência harmônica entre diferentes formas de produção: os orgânicos, os bio, os alimentos cultivados com técnica e respeito à terra. O importante é entender que a fruta colhida no ponto certo de maturação, próxima de quem consome, tem uma qualidade é um  sabor incomparável — algo que nenhuma logística de milhares de quilômetros pode reproduzir.

 Esse novo olhar tem influenciado nossos jardins, hortas e pomares, impulsionando projetos paisagísticos mais conscientes. Cada vez mais pessoas desejam incluir frutíferas em seus quintais — seja pelo prazer de colher o que plantaram, seja pelo valor simbólico de cultivar vida. Em nossos projetos, priorizamos espécies nativas como pitangueiras, araçás, grumixamas, cambucas e juçaras, que encantam não apenas pelo sabor, mas também pela beleza das flores, folhas e frutos. Elas alimentam a fauna local, atraem aves e insetos e ajudam a compor espaços mais diversos e ecologicamente equilibrados.

 Por outro lado, somos mais criteriosos quando o pedido é por espécies comuns em quitandas, como laranjeiras ou pessegueiros. Afinal, por que não aproveitar o espaço para cultivar frutas típicas da nossa biodiversidade, como pitangas, jabuticabas, araticuns, abius, pitombas ou frutas-do-conde? O prazer de colher diretamente do pé o que a natureza oferece de forma tão rica é insubstituível.

 Outro movimento que ganha força é o das PANCs — Plantas Alimentícias Não Convencionais. Esse resgate de espécies esquecidas, muitas vezes deixadas de lado pelo mercado e pelo tempo, representa uma retomada de saberes e sabores tradicionais. Incorporar essas plantas nos jardins amplia não apenas o valor ornamental dos espaços, mas também o interesse cultural e gastronômico.

 Reintroduzir PANCs é recuperar conhecimento, memória e identidade. Como nas histórias de famílias que perderam o hábito de colher cogumelos ou identificar espécies comestíveis, também deixamos de lado parte da nossa herança botânica. Graças ao trabalho de pesquisadores, chefs e botânicos, esse patrimônio está sendo redescoberto e valorizado.

 Hoje, o consumo de PANCs — como taioba, ora-pro-nóbis, vinagreira e azedinha — desponta como símbolo de uma alimentação mais saudável, sustentável e conectada às origens. É um movimento que traduz o espírito do nosso tempo: a reaproximação com a natureza e a redescoberta dos valores simples e genuínos.

 Promover pomares de frutas nativas e hortas com PANCs é mais do que uma tendência: é um convite a repensar nossa relação com o alimento, com a terra e com o próprio ato de cultivar.

06 outubro 2025

Jordi Castan faz palestra no Plantarum Summit

 


Paisagista de Joinville foi um dos palestrantes do Plantarum Summit, um dos mais importantes eventos do setor no Brasil. Falando sobre o uso da cor, Jordi Castan destacou que o paisagismo não é estático, mas arte viva.




O que aconteceu à cor no paisagismo? E por que a cor desapareceu da vida cotidiana? Foi a partir dessas reflexões que o paisagista Jordi Castan fez uma palestra no Plantarum Summit 2025, evento realizado no Jardim Botânico Plantarum, em Nova Odessa (SP). É um encontro que todos os anos reúne alguns dos maiores nomes da botânica, paisagismo e jardinagem do Brasil.

 

Tendo a cor como tema central, Jordi Castan falou das tendências mais recentes na arquitetura e no paisagismo, que apontam para tons suaves e menos saturados. E fez um alerta a partir de dados estatísticos. Segundo estudos, os ambientes de trabalho neutros reduzem a produtividade em até 10%, enquanto os ambientes mais alegres, com mais verde e mais cores aumentam a eficiência.

 

Também ressaltou que o excesso de jardins monocromáticos contrasta com a exuberância da natureza brasileira. “Os projetos hoje buscam uma reaproximação com a natureza, e essa é uma tendência que veio para ficar. A pandemia mudou muitas coisas e uma delas é a necessidade que o ser humano tem de estar mais em contato com o verde, com as plantas e com a natureza”, defendeu Castan.

 

O paisagista admite que as paletas mais neutras transmitem calma e elegância, mas alerta para o risco de empobrecer a experiência estética. Destacou que, num país como o Brasil, a própria natureza e a cultura são ricas em cores vivas. Jordi Castan acrescentou ainda que o paisagismo não deve temer as cores intensas, vivas ou vibrantes. Não é apenas decoração, mas uma questão de identidade, defendeu.

 

Num auditório lotado por especialistas do setor, a palestra fez parte do ciclo “Conectando Natureza, Ciência e Paisagismo”. O paisagista finalizou a intervenção expondo um conceito de trabalho. “O paisagismo é arte. A expressão artística que se desenvolve ao longo de mais tempo, que é dinâmica, mutante e em constante evolução. Não se mantém estática. É arte viva”, defendeu o criador da Boavista Arquitetura Paisagista.

11 setembro 2025

Semana Academica de Arquitetura e Urbanismo - FURB

 


Tivemos a oportunidade de participar na SAAU - FURB no dia 9 de setembro de 2025. Conversar com os acadêmicos de arquitetura da FURB. Nossa conversa sobre identidade e arquitetura nos permitiu trocar ideias sobre a importância de criar projetos que tenham identidade própria, que se diferenciem da mesmice e da uniformidade da maioria dos projetos que hoje vemos no mercado.

Identidade esta diretamente relacionada com cultura, com história, com entorno e no caso do paisagismo ainda mais pela geografia, o clima, os diversos biomas em que desenvolvemos nosso trabalho. 

Agradecemos e parabenizamos, o entusiasmo e o compromisso da comissão organizadora e o interesse dos alunos que com seus questionamentos fizeram nossa participação uma oportunidade para compartilhar experiencias e trocar ideias.  


Ficamos gratamente surpresos pelo ambiente criativo do Galpão da Arquitetura e da forma como os alunos desenvolvem sua criatividade e aprofundam sua vontade de aprender e de adquirir conhecimento. 

08 setembro 2025

Um jardim é caro?

 


Um jardim é caro?

A ideia de que ter um jardim é um privilégio restrito a quem tem alto poder aquisitivo ainda persiste no imaginário coletivo. Muitos desistem do sonho de cultivar plantas ou de contratar um profissional de paisagismo justamente por acreditarem que os custos são proibitivos. De fato, existem projetos que envolvem altos investimentos, mas generalizar essa percepção é prejudicial a toda a cadeia produtiva da floricultura e do paisagismo. Combater esse mito é essencial — e isso se faz com dados, exemplos práticos e resultados concretos.

O jardim como expressão democrática

Ao contrário do que muitos pensam, não há nada mais democrático do que cultivar flores e plantas. Quem não dispõe de um quintal pode começar com um simples vaso na varanda, no peitoril da janela ou até mesmo dentro de casa, criando sua própria urban jungle. Além disso, é comum que jardineiros e aficionados troquem mudas, sementes e galhos, formando uma rede de solidariedade que torna o hobby ainda mais acessível.

Investimento inteligente, resultado garantido

É verdade que contratar um projeto de paisagismo pode representar um custo inicial, mas começar não exige grandes gastos. Muitas vezes, a diferença está no conhecimento aplicado. Como dizia meu avô — a quem devo a paixão pela jardinagem —, “o erro é gastar R$ 10 na planta e apenas R$ 1 na cova. O certo é investir R$ 1 na planta e R$ 10 no preparo do solo”. Plantas bem-posicionadas, canteiros bem-preparados e cuidados regulares transformam o jardim em fonte de satisfação contínua.

Economizar em substrato, adubação, podas ou regas é, em longo prazo, um mau negócio. O resultado são jardins que não se desenvolvem e clientes frustrados. Já o investimento consciente, mesmo que modesto, gera prazer, beleza e bem-estar.



Valor além do preço

A pergunta persiste: um jardim é caro? Quando bem planejado, a resposta é não. O custo de cultivar um espaço verde é amplamente compensado pelo benefício emocional que proporciona. O que se gasta com plantas, insumos e manutenção dificilmente se compara ao que se economiza em terapias e ansiolíticos. Afinal, qual o valor de ver uma flor se abrir ou de contemplar o verde que acalma e inspira?

Em uma sociedade que tantas vezes confunde preço com valor, o jardim se revela um investimento dos mais econômicos. Ele oferece paz, energia e tranquilidade, além de aproximar pessoas que compartilham a mesma paixão.

Definitivamente, não há nada mais acessível — e ao mesmo tempo tão precioso — quanto desfrutar desse contato direto com a natureza. O universo das plantas é vasto, repleto de espécies, formas, cores e aromas que ainda temos muito a explorar. Cada jardim é um convite ao aprendizado constante: sempre há uma nova técnica, uma flor desconhecida, uma estação que revela algo diferente. O único lamento possível é perceber que o tempo é curto diante de tantas possibilidades, e que ainda temos um mundo inteiro de conhecimentos a cultivar.

12 agosto 2025

Congresso Paisagismo para Todos

 Congresso Paisagismo para Todos na Garden Fair



De 13 a 15 de julho tivemos a oportunidade de participar no Congresso Paisagismo para Todos, evento organizado junto a Garden Fair em Holambra SP.

O tema que desenvolvemos foi “Paisagismo e identidade” numa época em que cada vez mais se perde o conceito de identidade e tudo acaba tendo a mesma cara, as mesmas cores, as mesmas referencias é importante reforçar o conceito de identidade. Num pais continental como o Brasil não faz sentido que arquitetura e paisagismo ofereçam as mesmas soluções e propostas para o norte e o sul, que encontremos em todos os projetos as mesmas plantas e que nossa linguagem botânica e nosso repertorio seja cada vez mais pobre.


Destacar a importância de conhecer mais sobre plantas, fisiologia vegetal, geografia, arquitetura e os princípios básicos de proporção, escala e perspectiva são elementos vitais para desenvolver bons projetos de paisagismo.

Nos diferenciar dos outros profissionais pela qualidade, a identidade dos nossos projetos é o maior desafio que enfrentamos num mercado em que há sempre mais do mesmo. Onde todos os projetos não só têm a mesma cara, apresentam as mesmas soluções para os mesmos problemas e situações.

Olhar além do evidente é o desafio que propusemos aos participantes do congresso.

Para nos e para nossa equipe que esteve presente no evento foi uma oportunidade única de aprender, compartir e crescer com a troca de experiencias e conhecimentos com todos e cada um dos participantes.